Estudou com Popper (visto antes).
Feyerabend logo desenvolveu uma visão muito crítica de Ciência, que ele rotulou de anarquista e dadaísta para indicar sua rejeição às regras.
Lakatos (visto antes) o convidou a escrever 'A Favor e Contra o Método' – Lakatos 'a favor' e Feyerabend, 'contra' –, prometendo que iam se divertir muito …
… mas Lakatos morreu antes e, inicialmente, só saiu o famoso 'Contra o Método'.
Para Feyerabend, não há regras metodológicas definitivas a serem seguidas pelos cientistas.
Em sua visão, o 'Método científico' limitaria o cientista.
Por outro lado, para ele, o 'Método Científico' exclui o Homem e a investigação qualitativa.
Era contra o cientificismo, o qual via como uma 'religião científica'.
Pregava o anarquismo metodológico: por um pluralismo metodológico e de tradições.
"na prática, muitas vezes, o cientista procede por tentativas, vai numa direção, volta, mede novamente, abandona certas hipóteses porque não tem equipamento adequado, faz uso da intuição, dá “chutes”, se deprime, se entusiasma, se apega a uma teoria". (MOREIRA; OSTERMANN, Sobre o ensino do Método Científico)
Desta forma, a ideia de O método científico é uma falácia.
Para Feyerabend, a Filosofia não consegue prover uma descrição geral da ciência. Não haveria um método de diferenciação entre produtos da Ciência e entidades não científicas, tais como os mitos.
Afirmava que as 'regras' podem (e devem) ser quebradas pelos cientistas, se o seu objetivo é o progresso científico.
Para Feyerabend, exigir compatibilidade de novas teorias com as teorias já existentes deixa-as em desvantagem à partida!
Por outro lado, se é a nova teoria é compatível com as ‘velhas’ teorias, ela não acrescenta validade ou verdade!
Para Feyerabend, a escolha entre a 'nova' e a 'velha' teoria é mais estética do que racional.
Afirmava que não se pode descartar um 'apego' ao conhecido e confortável da 'velha' teoria.
Segundo Feyerabend, o sucesso dos cientistas envolve elementos não-científicos, tais como inspiração, mitos ou de fontes religiosas.
Para ele, não é justo utilizar suposições científicas para selecionar quais problemas merecem ser resolvidos e para julgar o mérito de outras ideologias, tal como propounha o conceito de paradigma de Kuhn, visto anteriormente.
Para Feyerabend, nenhuma teoria interessante é completamente consistente com todos os fatos relevantes
Assim, pode-se retirar certos resultados de cálculos e substituí-los por uma descrição do que é atualmente observado, tal como na renormalização.
E no caso de uma anomalia, como dizia meu professor, "corrige-se o gráfico ou arrisca-se ganhar o Nobel?".
Segundo Feyerabend, tais procedimentos são essenciais para o progresso científico por muitas razões.
Por exemplo, no tempo de Galileu, a teoria óptica não explicava os fenômenos observados pelos telescópios. Por isso, usaram regras ad hoc até disporem de suportes teóricos para suas suposições.
Para Feyerabend,
Para Feyerabend, não há método científico universal. Com isso, conclui que não há justificação para a superioridade da Ciência sobre outras ideologias.
Para ele, a Ciência não merece o status privilegiado que possui na sociedade ocidental, já que não explica tudo!
A Ciência deveria ser separada do Estado, da mesma forma que a Religião é.
Os pais deveriam poder determinar o contexto ideológico da educação de seus filhos, em vez de terem suas opções limitadas pelos padrões científicos. Deveriam ser permitidos debates científicos sobre o Criacionismo, juntamente com o Evolucionismo.
Afinal, segundo ele, o objetivo da Educação é a preparação de cidadãos críticos, de mente aberta.
Latour foi uma figura central na redefinição de como entendemos a produção e natureza do conhecimento científico.
Uma de suas contribuições notáveis é seu trabalho etnográfico em laboratórios científicos. Em obras como A Vida de Laboratório, coescrita com Steve Woolgar, Latour oferece uma visão íntima da ciência "em ação", argumentando que os fatos científicos são construídos socialmente dentro dos contextos dos laboratórios.
Outra contribuição fundamental de Latour é a Teoria Ator-Rede (ANT). Desenvolvida em colaboração com Michel Callon e Madelaine Akrich, entre outros, esta teoria defende que seres humanos e objetos não humanos (como tecnologias e artefatos) são atores interconectados em redes complexas. Através da ANT, Latour propõe uma abordagem inovadora para compreender a produção do conhecimento científico, vendo-o como emergente de redes interligadas de práticas e relações.
Latour também é conhecido por sua perspectiva construtivista sociotécnica. Contrapondo-se à noção tradicional de que os fatos científicos são simples descobertas sobre o mundo natural, ele sustenta que estes são, na verdade, construídos através de intrincadas práticas sociotécnicas. No entanto, é crucial entender que Latour não nega a realidade objetiva; em vez disso, ele enfatiza que a ciência é um processo profundamente entrelaçado com o social.
Acompanhou o trabalho da primatóloga Shirley Strum junto aos babuínos na África. Também estudos sobre tecnologia urbana em Paris e acompanhou um grupo de cientistas naturais em uma pesquisa na fronteira da Amazônia com o Cerrado, no Brasil.
Reposicionando a ciência, Latour vê-a não como uma atividade elevada e apartada, mas sim como uma entre várias práticas que moldam a realidade social. Ele desafia a autoridade epistemológica tradicional da ciência, argumentando que sua força não deriva de um acesso privilegiado à verdade, mas sim de sua rede de associações. Finalmente, Latour reflete sobre o papel da crítica. Em vez de meramente desconstruir a ciência, ele insta os críticos a se engajarem com ela de maneira construtiva, buscando entender suas práticas e nuances.
Em sua obra Jamais Fomos Modernos, Latour apresenta uma crítica penetrante à dicotomia tradicional entre natureza e sociedade. Ele argumenta que, ao contrário da crença popular, a modernidade nunca conseguiu estabelecer uma separação clara entre essas esferas. Em vez disso, devemos pensar em termos de "híbridos" ou "quase-objetos" que misturam o social e o natural.
Vale notar que esta noção de "híbridos" pode ser estendida para abarcar as inteligências artificiais.
Desta forma, o trabalho de Latour, ao questionar e redefinir o lugar e a natureza da ciência da sociedade, tem sido tanto influente quanto controverso, provocando debates intensos sobre a objetividade, a natureza da ciência e sua interação com a sociedade.
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