Não, você nunca viu a cor verde!
Repito o que disse na aula passada: o conceito é construído por abstrações, induzidas de observações particulares.
Que é que quer dizer isso?
Que você até hoje só viu objetos verdes, nunca a cor verde.
Desde que você nasceu, as pessoas lhe mostraram objetos verdes e lhe ensinaram: "isto é verde, isto é verde".
Note, porém, que cada objeto era diferente do outro e tinha um tom de verde diferente! Essas eram as tais observações particulares. Apesar disso, diziam: "isto também é verde"!
Mas sua mente, por indução do particular para o geral, foi capaz de encontrar algo de comum em todos eles, abstraindo as formas, tamanhos, texturas e materiais. Você afinal entendeu que esse 'algo' em comum era a tal cor verde!
Com isso, você construiu o conceito de 'verde'!
Depois, da mesma forma, você aprendeu o vermelho, o azul, o amarelo, o branco, o preto, etc.
E, depois de aprender umas tantas cores particulares, você, novamente, por indução do particular para o geral, foi capaz de encontrar algo de comum em todas essas cores, abstraindo as várias cores e tonalidades. Você entendeu que esse 'algo' em comum era um conceito mais geral, a própria idéia de cor!
Você, então, construiu o conceito de 'cor'.
Da mesma forma, as pessoas lhe mostraram objetos feitos de ouro e lhe ensinaram: "isto é ouro", "isto é ouro", "isto também é ouro".
Você, novamente, por indução do particular para o geral, foi capaz de encontrar algo de comum em todos esses objetos, abstraindo as formas, tamanhos e texturas. Você entendeu que esse 'algo' em comum era um outro conceito, o conceito de ouro!
Novamente, depois de aprender uns tantos materiais particulares, você, por indução do particular para o geral, foi capaz de encontrar algo de comum em todos esses materiais, abstraindo as várias cores, texturas e densidades. Você entendeu que esse 'algo' em comum era um conceito mais geral, a própria idéia de substância!
Você construiu o conceito de 'substância'.
Conceitos não são facilmente traduzidos pois se desenvolvem a partir de experiências culturais.
Conceitos podem ter significado em uso comum.
Conceitos podem se referir a fenômenos diferentes em contextos diferentes.
Como vimos na página sobre Perfil Conceitual, conceitos físicos, tais como massa, força, luz, eletricidade, etc. apesar de quotidianos, não são simples. Ao contrário, eles têm uma longa evolução histórica, ontológica e epistemológica.
Assim, segundo Robilotta (O cinza, o branco e o preto), é uma mistura de ignorância e ingenuidade o uso de definições, que são tentativas de explicar um conceito em termos de outros conceitos, definições circulares.
Ex.:
"O tempo e o espaço são modos pelos quais pensamos e não condições nas quais vivemos." (Albert Einstein)
Construtos: conceitos consciente e deliberadamente inventados ou adotados com propósito científico.
Ex.: átomo, fractal, etc.
O conhecimento precisa ser revitalizado pela construção de novas teorias.
O verdadeiro conhecimento se faz pela ligação continua entre intuição e razão, entre o vivido e o teorizado, entre o concreto e o abstrato. A cultura é uma produção coletiva associada às necessidades do conhecimento mas marcada pela desigualdade das relações entre os membros de cada sociedade.
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Referências
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