Somente no Concílio de Nicéia, no ano de 325, conclamado pelo imperador romano Constantino I, definiu-se boa parte do cânone católico.
O imperador romano Teodósio, em 380, proclamou o Cristianismo como religião única na Europa, tornando-se, assim, uma religião de Estado. Consequentemente, o Paganismo passou a ser considerado traição ao Estado. Apesar disso, várias vezes Teodósio teve de se humilhar perante o bispo Ambrósio, com o início do antissemitismo eclesial e do costume do poder eclesiástico de julgar os poderes públicos, não só em questões dogmáticas mas também por seus erros públicos, que prevaleceu até a Idade Moderna.
O Cristianimso teve uma difusão lenta, levando a uma adaptação ao mundo pagão, especialmente para a assimilação dos gregos. Por outro lado, o Grego passou a ser a 'língua do conhecimento', antes do Latim.
Havia uma divisão entre duas visões distintas do 'problema' da ciência e do paganismo grego. Uma, 'tradicionalista', era hostil à Ciência (pagã) e considerava que ela era confusa e contraditória e que se trava apenas de conhecimento provável, não uma verdade genuína, em oposição ao conhecimento 'verdadeiro' e teológico provindo da Fé. Outra, 'assimiladora', mais tolerante, considerava que os gregos receberam a razão natural e orientados para a Verdade, consideravam a Ciência como um estudo preparatório para a Teologia e propunham uma 'solução de compromisso' de que Ciência (grega) seria um ‘conhecimento auxiliar’.
O Cristianismo introduziu a distinção entre fé e razão, verdades reveladas e verdades racionais, matéria e espírito, corpo e alma.
Afirmava que o erro e a ilusão são parte da natureza humana decorrentes do caráter pervertido do ser humano depois do pecado original.
Com o conceito de pecado original, decorre a separação radical entre os seres humanos e a divindade, transformando a fé em preceito único para a Filosofia da idade Média.
Rompeu com a idéia da participação direta e harmônica entre intelecto e verdade, o ser e o mundo.
Resistia a todas as tentativas de sua mãe de se converter ao Cristianismo. Levava vida hedonística, argumentando com Deus: "Senhor, dá-me castidade, mas não agora".
Inicialmente, abraçou Maniqueísmo, à época, considerada uma heresia.
Estudou Retórica e Filosofia e foi professor de Retórica na corte de Milão.
Sto. Ambrósio batizou-o católico, mas passou pelo Ceticismo e tornou-se neoplatônico, até que, após uma crise mística, converteu-se ao Cristianismo.
Agostinho procurava uma resposta racional para o conhecimento.
Em sua obra Contra os acadêmicos (386), reabilitou os sentidos como fonte de verdade. O erro proviria dos juízos (interpretações) que se fazem sobre as sensações e não das próprias sensações.
Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante do que o conhecimento intelectual.
Propunha a doutrina da iluminação divina: o princípio espiritual de todas as coisas é, ao mesmo tempo, causa de sua própria existência, luz do conhecimento e regra da vida. A Verdade existe iluminada pela luz divina, extraindo da alma a inteligência, pois nada poderia ser conhecido se antes já não fosse possuído pelo espírito.
O problema do conhecimento torna-se crucial e a Epistemologia volta-se para a relação entre o pensamento e as coisas, a consciência e a realidade, o sujeito e o objeto da vida.
Pregou a teoria da 'Guerra Justa' (Santa): se os 'perdidos' levam outros à destruição, porque a Igreja não deve usar a força para trazê-los de volta? Esta visão foi, depois, usada como fundamento para as 'Guerras Santas' e para a Inquisição.
No início do século XVI, a Reforma Protestante foi iniciada por Lutero, segundo a lenda, em 31 de outubro de 1517, através da pregação, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, de suas 95 teses contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana.
Na verdade, porém, além de motivos religiosos, ela também foi impulsionada por motivos sociais e políticos.
o Feudalismo estava em queda e ascendia uma nova classe social, a burguesia, formada por comerciantes e financistas que viviam dentro dos burgos, as cidades muradas medievais.
A longa Guerra dos Trinta Anos e outras tantas guerras européias haviam deixado as nobrezas enfraquecidas e empobrecidas que se viram, então, obrigadas a contrair empréstimos dos burgueses ou dar-lhes suas filhas em casamento, promovendo a ascensão social destes últimos, aproximando-os da nobreza de sangue, quebrando o paradigma das três ordens medievais: clero, nobreza e povo.
A usura, cobrança de juros nos empréstimos, era condenada pela ética católica romana e, assim, a burguesia via com bons olhos uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante.
Por outro lado, os constantes conflitos políticos e até militares entre as monarquias européias e a Igreja Romana, além dos pesados tributos devidos a Roma, faziam com que esses monarcas desejassem para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do Papa, bem como suas riquezas.
Segundo Roque (2012), com a Reforma Protestante,
"O princípio de autoridade passou a ser questionado, tanto no âmbito religioso quanto no político e social. [...] A percepção de que os padres enriqueciam e a Igreja se construía a partir da exploração dos pobres tornava a época propícia a reações" (ROQUE, 2012, p. 22).
Com Bacon, Descartes e Locke a teoria do conhecimento torna-se o ponto central da Filosofia Natural no século XVII, buscando uma reforma do entendimento e das ciências, que pode ser feita pelo sujeito do conhecimento, na procura de fundamentos seguros para o saber.
O avanço dos conhecimentos e das técnicas, as mudanças sociais e políticas e o desenvolvimento das ciências e da Filosofia reformaram o conhecimento humano e, logo, a vida humana.
Chamava de ídolos (da tribo, da caverna, do foro, do teatro) as manifestações de preconceitos e noções falsas pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência e que dificultam a apreensão da realidade.
Para tal, rejeitou qualquer verdade que não pudesse ser demonstrada verdadeira ou que fosse evidentemente verdadeira.
Com isso, retroagiu à evidência fundamental: existe alguém pensando, o que se transformou em seu lema "penso, logo existo".
Ao introduzir a Análise, como método filosófico, provocou a fragmentação do conhecimento, antes agregado sob a denominação geral Filosofia Natural, em disciplinas, tais como Física, Química, Matemática, Biologia, Medicina, Astronomia, etc.
Para ele, as idéias não nascem com o sujeito e o conhecimento só se adquire com a experiência.
A Filosofia alterou suas tradições e as superou em novas concepções do conhecimento trazidas por Husserl e pela Gestalt, que mostram que a sensação não é reflexo pontual ou resposta físico-fisiológica (como quer o empirismo) e que a percepção não é uma atividade sintética, feita pelo pensamento sobre as sensações) como quer o intelectualismo)
Nestas novas concepções não há diferença entre sensação e percepção.
Quantas cores você vê?
Os círculos centrais são iguais?
Do ponto de vista da teoria do conhecimento, três são os papéis da percepção:
Redigiu um tratado sobre a natureza humana no qual procura esclarecer que a certeza que se tem do conhecimento resulta da invariância das operações intelectuais que estão em sua base pois as idéias só nascem das sensações; o resto, como a realidade, por exemplo, são assuntos de crença.
Segundo ele, a memória é uma evocação, uma atualização do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total; é a primeira e mais fundamental experiência do ser humano. Como consciência da diferença temporal (passado, presente, futuro) a memória é uma forma de percepção interna, a introspecção, cujo objeto é interior ao sujeito do conhecimento (CHAUI, Convite à filosofia).
Para a escola francesa, a Epistemologia é uma filosofia das ciências em que se realiza uma história dos conceitos que se desenvolvem em determinado campo científico.
São, portanto, epistemologias regionais, como em Bachelard ou em Canguilhem, para quem a Epistemologia é a consciência crítica dos métodos atuais de um saber adequado ao seu tempo.
O Positivismo será visto com mais detalhe na aula Pós-positivistas.
Para os positivistas a Epistemologia confunde-se com uma metodologia em que importa a determinação de regras que orientam apenas a lógica da descoberta científica (e não sua psicologia).
Foi Piaget, contudo, que mais se aproximou da solução do problema da relação sujeito-objeto, com o uso da teoria da equilibração: é preciso ver o sujeito como um ser ativo.
Os estudos psicogenéticos mostraram que a ação constitui a fonte comum do conhecimento lógico-matemático e do conhecimento físico do mundo.
É precisamente a partir dos esquemas de ação que se pode compreender a contribuição do objeto e do sujeito para o conhecimento já que tais instrumentos de conhecimento se modificam devido às "resistências" dos objetos, que, por sua vez, somente são conhecidos por sua ação estruturante do sujeito.
Dos filósofos gregos aos filósofos modernos o mundo é considerado inteligível pelo pensamento, pelo conhecimento que se faz, pela formação de conceitos, que são verdadeiros, enquanto adequados à realidade considerada.
O desenvolvimento do conhecimento demonstra que, para o saber objetivo, é muito importante o papel da compreensão daqueles aspectos do objeto que são invariáveis não só no que diz respeito às perspectivas mutacionais do sujeito, como ao que se relaciona a muitas condições externas interferentes.
O problema de como se mostra o objeto do ponto de vista do sujeito nesta ou naquela perspectiva, é um caso especial do problema mais geral de como as relações invariáveis podem manifestar-se por meio de conexões e propriedades diferentes
Pode-se, então, estabelecer que o programa de constância perceptiva pode ser observado tão somente como um caso especial de um problema mais geral: o papel que exerce a invariabilidade das percepções dos objetos na construção do saber objetivo.
É necessário não só investigar os mecanismos psicológicos e fisiológicos por meio dos quais o ser humano percebe um objeto como constante, senão também para analisar a estrutura lógica da invariância, a relação mútua entre a invariabilidade e a variação das determinações do objeto, sua relação com a subjetividade e objetividade do saber.
A importância da análise lógico-filosófica da posição da invariabilidade no processo cognitivo, torna-se clara especialmente quando não se trata de uma realização inconsciente, senão de suas aplicações como principio metodológico importante na construção do saber.
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