Identificava a virtude com o saber, professando que o homem só age mal por ignorância, deslocando a reflexão dos problemas cosmológicos para os problemas humanos, em particular para a Ética.
Sócrates afirmava que a verdade pode ser conhecida apenas pelo pensamento, uma vez afastadas as ilusões dos sentidos, das palavras e das opiniões, opondo-se, assim aos sofistas.
Para Sócrates, conhecer é passar da aparência à essência, da opinião ao conceito, do individual para o universal.
Assim, por exemplo, tal como discutimos antes na página Realidade, percepção e convicção, 'cubo' é uma idéia abstrata que só existe no mundo das idéias, enquanto que todos os 'cubos' que já vimos são apenas sombras imperfeitas dessa idéia perfeita. Da mesma forma, tal como vimos em outra aula, verde, reta e ouro são idéias que não podemos atingir pelos sentidos, mas, apenas, objetos verdes, retilíneos, feitos de ouro .
Essa concepção é ilustrada na sua muito conhecida alegoria da caverna. Nela, um grupo de prisioneiros só pode olhar para a parede do fundo da caverna, onde vêm projetadas sombras de objetos. Sem opção, passam a acreditar que essas sombras são a realidade, enquanto, esta está, na verdade, nos objetos que originam essas sombras.
Platão, por outro lado, acreditava que somente o racional alcança o Ser e a verdade. Os sentidos físicos não nos revelariam a verdadeira natureza das coisas.
Pregava que o mundo das idéias, embora abstrato e inatingível pelos nossos sentidos, era o mundo real, já que, para ele, a forma ideal era mais real do que sua sombra no nosso mundo sensível. Para ele, o mundo dos fenômenos só tem existência na medida em que participa do mundo das idéias.
Com isso, para o platonismo, observar o mundo físico tal como a Ciência faz hoje pouco serviria para alcançarmos uma compreensão da realidade, embora servisse para reconhecermos, ou recordarmos, as idéias perfeitas que traríamos dentro de nós. Desta forma, o platonismo desestimulou a experimentação empírica, incentivando a reflexão racional. Diz-se que Platão desaconselhava os astrônomos a observarem os planetas e estrelas, mas a 'estudá-los' em pensamento.
Estas idéias tiveram influência sobre o Cristianismo, como se verá na próxima parte.
Ele acreditava que a Dialética eleva as almas e as idéias gerais são hierarquizadas, tendo no topo o Bem Supremo, reflexo da suprema beleza.
Fundou a Academia, a primeira escola de Filosofia na Grécia, onde lecionou até o fim de seus dias. Em seu portal havia a inscrição: "Não entre aqui quem não sabe Matemática". Assim o fez porque considerava a Matemática o exemplo perfeito do conhecimento, pois não se submete a opiniões subjetivas e que o conhecimento matemático seria preparatório para o pensamento chegar à compreensão intelectual das idéias verdadeiras.
Escreveu, dentre outros, Diálogos e República, este uma utopia, descrição de uma 'sociedade ideal'.
Em seu livro Timeu, cosmogônico, desenvolveu, também, o atomismo de Demócrito, associando os átomos dos elementos aos seus sólidos:
Sua concepção das ciências físicas, com o apoio da Igreja, dominou o pensamento ocidental durante toda a Idade Média até o Renascimento.
O Aristotelismo influenciou fortemente não só o Cristianismo, mas também o Islamismo e o Judaísmo durante a Idade Média.
Ao contrário de seu mestre, Platão, que concebia dois mundos, o das idéias e o sensível, Aristóteles considerava que o único mundo real é este em que vivemos, considerando que o que estiver além da nossa capacidade de percepção não tem realidade para nós.
Aristóteles formulou uma teoria do conhecimento em que distingue, ordenadamente e gradativamente, os seis graus de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio e intuição.
Segundo ele, o Conhecimento vai sendo formado e enriquecido por acumulação das informações trazidas por todos os graus, estabelecendo uma comunicação entre conhecimento sensível e intelectual.
Veremos mais sobre a Física aristotélica em outra aula.
Supõe-se que Galeno tenha escrito mais de 600 tratados, dos quais terão restado apenas menos de um terço, perfazendo, ainda assim, 3 milhões de palavras.
Sua obra De usu partium corporis humani libri XVII (Do uso das partes do corpo humano) totaliza 17 volumes.
Inovador para além de sua época,
Galeno desenvolveu a Teoria dos Quatro Humores de Hipócrates. Segundo essa teoria, a vida necessitaria de um equilíbrio entre esses quatro humores: sangue, linfa, bílis amarela e bílis negra. A doença proviria de um desequlíbrio entre eles; a febre seria uma reação natural do corpo na tentativa de 'cozer' o 'excesso' deles. O terapeuta poderia ajudar o corpo eliminando artificialmente os excessos.
Humor | Elemento | Temperamento | Órgão | Nome MBTI | Características |
Linfa (gr. phlegma) | Água | Fleumático | Cérebro | Racional | Calmo, racional |
Sangue (lat. sanguis) | Ar | Sanguíneo | Coração |
Artesão | Corajoso, prestativo, amoroso |
Bílis amarela (gr. chole) | Fogo | Colérico | Fígado | Idealista | Irritadiço, agressivo |
Bílis negra (gr. melon chole) | Terra | Melancólico | Baço | Guardião | Desanimado, inquieto, irritadiço |
A predominância natural de algum desses humores no indivíduo causaria os diversos temperamentos: sanguíneo, fleumático, colérico e o melancólico.
Seus compiladores e comentadores passaram a tratá-lo como um deus, fazendo crer que todo o conhecimento médico provinha dele. (GOTTSHCALL, 2004, p. 76)
Sua excelente retórica, numa época em que Filosofia era o caminho para alguém se tornar médico, numa Roma mais preocupada com conquistas militares do que especulações filosóficas, como os gregos, fizeram com que seus ensinamentos passassem a ser considerados definitivos, sem necessidade de contestação. Incidentalmente, defendendo um Deus estóico monoteista, provindo de uma Pérgamo cristã, suas idéias foram bem aceites e incorporadas ao cristianismo, dogmático, que defendia que "se Deus criara o mundo em sete dias, tudo já estava pronto, perfeito, acabado e hierarquizado, sem necessidade de novas explicações". (GOTTSCHALL, 2004, p. 77)
De tão concorridas, Galeno apresentava suas conferências sobre medicina e higiene em um teatro.
No entanto, sua teoria médica sofria de várias deficiências que se perpetuararm pelos séculos. Assim, acreditava que:
Teleologista como Platão e Aristóteles, como veremos na aula As Contribuições de Galileu e Newton, acreditava que tudo fora feito por Deus para um fim particular e determinado.
Mais filósofo do que médico, fortemente racionalista, apesar de valorizar em algum grau a experimentação, uma vez tendo chegado a uma conclusão, não via necessidade de verificá-la nem em embasá-la em experiências.
Ao lado de Aristóteles, suas teorias sobre Medicina foram consideradas infalíveis e dominaram a ciência ocidental por mais de quinze séculos. Ainda no século XIX se consultava Galeno!
Sediado na antiga Alexandria, no norte do Egito, sede da Biblioteca citada acima.
Deste período são os notáveis Arquimedes, Euclides, Eratóstentes, Heron, Ptolomeu, Hipácia, dentre outros.
Neste período, a Filosofia dividiu-se em 3 correntes: Lógica, Física e Moral. Essa divisão persistiu na época Romana e, além dela, até a Idade Média, como veremos na aula As Contribuições de Galileu e Newton.
Os filósofos gregos estabeleceram os princípios gerais do conhecimento entendendo que a Realidade é a Natureza e dela fazem parte os seres humanos e suas instituições.
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